Ponyo à beira-mar, mais recente animação do realizador japonês Hayao Miyazaki.
Texto de JOÃO ANTUNES no site do Diário de Noticias.
Ponyo à beira-mar é a última maravilha em animação criada por Hayao Miyazaki, apelidado de Walt Disney japonês. O filme chega hoje, quinta-feira, às salas e segue-se a êxitos como A princesa Mononoke e A viagem de Chihiro.
Na animação vão já longe, felizmente, os anos em que o género se cingia a uma ou outra estreia de Hollywood, quase sempre oriunda da Disney.
Ora hoje, além de muitas outras companhias norte-americanas a funcionar em pleno, como a Pixar ou a DreamWorks, e de títulos que nos chegam de todo o Mundo – menos do nosso país, onde tarda a estrear Até ao tecto do Mundo, apesar dos vários prémios internacionais da primeira longa-metragem de animação inteiramente portuguesa -, a animação japonesa é uma realidade conhecida e adorada por muitos.
Quando se fala em animação japonesa, pese embora toda a vitalidade do cinema desse género que nos chega daquele país asiático, não se pode deixar de pensar logo em Hayao Miyazaki, um verdadeiro deus local e que, apesar de ser considerado a Ocidente como o Walt Disney japonês, construiu um universo temático, um estilo artístico e um modo de produção muito próprio e hoje único no Mundo.
Basicamente, o que distingue a obra de Miyazaki dos restantes animadores em todo o Planeta é a persistência na técnica da animação tradicional, que a própria Disney abandonou antes da chagada à companhia de John Lasseter, um dos cérebros da Pixar que, apesar disso, e para se ver a sua paixão por todas as técnicas de animação, foi o responsável pela versão americana de Ponyo à beira- -mar, a última maravilha de Miyazaki, hoje em estreia entre nós. Considerando-se no entanto a fórmula tradicional, ou a computorizada, como uma “mera” ferramenta, o universo de Miyazaki continua mesmo assim a ser único – pelo traço do desenho, pela riqueza gráfica, pela idiossincrasia das personagens, pela magia que se convoca em cada filme, pela mensagem humanista e panteísta que se desprende dos relatos.
Em Ponyo à beira- mar, tudo se inicia quando um garoto de cinco anos salva um pequeno peixe-fêmea numa praia. Em troca, esta sara uma ferida que o garoto tem no pé, mas o contacto com o sangue humano faz com que se transforme numa rapariga, que o seu salvador ajuda a integrar na civilização. Mas tal alteração do equilíbrio ecológico pode trazer efeitos devastadores à Humanidade…