(por Manfred Nagl, tradução de Alexis Lemos)

Não é minha intenção fazer pouco do nacional-socialismo interpretando-o em termos de fantasias pitorescas. Todavia, negligenciar e ver como inofensivos os elementos totalmente irracionais do nazismo, evidentes desde sua primeira origem, têm ao menos ajudado parcialmente à conjurar uma aparentemente “natureza incompreensível” das ações nazistas.

No nacional-socialismo, as contradições e irracionalidades de um sistema sócio-econômico clássico capitalista e suas estruturas de poder, foram transmutadas em uma ideologia e apologia aparentemente “naturais”. O poder explorador e limitador de classes tornou-se racismo, com uma raça de senhores e sua liderança mística; ciclos de crise econômica e outros direcionamentos tornaram-se a lei cósmica de ciclos recorrentes; o caráter alienante da ciência e tecnologia usados indevidamente como meios para dominação, tornaram-se os conceitos centrais de cultos secretos pseudo-religiosos; o atraso da economia e tecnologia assim como as prevalecentes condições sociais tornaram-se uma obscura mistura de industrialismo enfurecido com uma teoria de “Sangue e Solo”. O continuísmo das classes governantes obsoletas era salvaguardada por mitos de “conspirações”, enquanto às massas oprimidas eram oferecidos bodes expiatórios como um escoadouro para agressões reprimidas.

Qualquer um que se negue à identificar as justificativas para a irracionalidade na filosofia “séria” (de Schopenhauer e Nietzsche à Spangler ou Jung) como conduzindo ao obscurantismo, naturalmente ficará impressionado em ver que tais fantasias são subitamente e de fato, tomadas muito seriamente quando o fascismo chega ao poder.

Em 1919, a burguesia alemã precisava experimentar quaisquer meios que justificassem a defesa do seu poder. Nesta época, mitos e mágica mudaram-se das salas de visita e cafeterias para lutar contra razão e revolução. A enchente de panfletos e dissertações pseudo-científicas tornou-se devastadora. A FC, lida pelas classes sociais que não eram atingidas pelos panfletos pseudo-científicos e filosóficos, também sucumbiu à esta irracionalidade. A idéia de que o tempo estava maduro para uma “reorientação espiritual” também na literatura, era persistentemente sugerido por tais autores. Eles clamavam por sensações e fantasias imaginativas que ajudariam a conquistar o “materialismo” bruto e sua contraparte, o realismo. Uma articulação aparentemente não-política destas tendências, extendia-se como se segue:

Existem muitos indícios de que o materialismo mecanicista – derivado das ciências exatas que imprimiram sua marca na última década, está finalmente agonizando, devido à recente revolução espiritual. Obviamente, as saudades transcendentais da maioria da humanidade não podem ser suprimidas à longo prazo… Em primeiro lugar, chegamos novamente ao ponto de vista do “assombro” – isto é, nós não mais desprezamos como tolices todas as coisas que não são explicáveis em termos das leis conhecidas da física. Misteriosas conexões entre os seres humanos, independentes de separação espacial e temporal, espectros, a aparição de fantasmas, estão todos novamente no reino do possível.(1)

A citação vêm da revista Der Orchideengarten, a qual era devotada a publicar somente ficção fantástica e desenhos – de modo análogo às revistas americanas “sobrenaturais” e “fantásticas” de FC. Max Valier, que posteriormente seria pioneiro de foguetes e presidente da “Sociedade para o Vôo Espacial”, que viajou por todo o país palestrando sobre o fim do mundo, sobre Atlântida e Lemúria, sobre a Cosmogonia Glacial e a penetração no Espaço, e que em 1929 fêz uma tentativa mal-sucedida de interessar Hitler no potencial militar dos foguetes (2), foi ainda mais explícito, seja escrevendo só –

Nossa época atual, mais do que qualquer outra, requer uma fonte e centro verdadeiramente cósmicos, para orientação espiritual. Nós precisamos de um choque tremendo, mesmo supra-terreno, para fazer com que recuperemos o senso de nossa identidade que perdemos no redemoinho do egoísmo cotidiano… Na base de uma nova teoria da cognição, buscaremos um conhecimento mais profundo; e para nossas emoções, buscaremos sensações do verdadeiramente primevo choque, de forma que mesmo o fim do mundo e desta Terra, será uma experiência construtiva.(3)

– ou em conjunto com G. W. Surya:

Acreditamos que a astronomia e a astrofísica, dentre as ciências naturais, são pela natureza do seu tema, particularmente talhadas para despertar essa elevação de pensamento, essa revolução espiritual, a qual nós tão desesperadamente precisamos, se o destino de nossa Pátria, até mesmo o do mundo inteiro, é fazer uma virada para melhor… Somente o retorno à um ponto de vista profundo, transcendental, podem ajudar a curar nossas feridas à partir de dentro.(4)

Valier passava a fazer mais precisas suas metáforas nebulosas de realidades políticas e sociais contemporâneas, declarando que “ele sentia-se obrigado a considerar Einstein… como um representante da extrema esquerda”(5). Uma nova publicação de Surya, A Metafísica e a Guerra Mundial, a qual tentava provar que as guerras mundiais não eram devidas somente à atividades humanas, mas que “outras forças” estavam também em operação, era mais abertamente apresentada como “uma tese política extremamente importante”.(6)

A função política de tal teoria altamente transcendental é claramente demonstrada nos trabalhos do ex-monge cisterciano Adolph Joseph Lanz, aliás, “Jörg Lanz von Liebenfels”, aliás, “Dr. Jörg Lanz”. Ele foi o fundador da “Teozoologia” e da “Ordo Novi Templi” (ONT). Em seus trabalhos, termos como “materialismo” e “egoísmo”, tornam-se códigos para política racional, socialismo, revolução, e “intelectualismo judeu-bolchevista”. “Revolução espiritual”, “Fé na transcendência” e “idealismo”, por outro lado, representam conciliação social, políticas domésticas reacionárias e uma política nacionalista para estrangeiros:

ao promover seu desenvolvimento, o Império Talmúdico-Tacandálico obteve sucesso em controlar a inteligência dos Cristãos Arianos para seus propósitos, por intermédio da… sociedade secreta dos Maçons. Esta sociedade de obscurantistas é responsável pelo assim chamado “Iluminismo”, as várias revoluções, liberalismo, socialismo e materialismo no século XIX, e pelo bolchevismo no XX… Durante a Idade Média… não havia proletariado e nem problema proletário. Esta classe somente veio a existir através dos esforços demoníacos dos maçons modernos e suas falsas doutrinas do assim chamado “Iluminismo”.(7)

Qualquer um que veja a razão como a mais elevada atividade da mente humana, é tão retrógrado quanto aqueles eruditos da Renascença que consideravam a Terra como centro do universo.(8)

O monte de esterco conceitual, o excremento mental que é a filosofia e a ciência materialisticracionalistica-socialdemocrática-bolchevista-tacandálica do período moderno, não serão mesmo de interesse histórico nas futuras gerações.(9)

Lanz deriva suas percepções da “teozoologia” e “metafísica racial”, cada uma destas um tipo de ciência oculta. Se fôr extraído o nem tão distante racismo moderno declarado, metafísica racial poderia ser vista como o projeto para uma parte considerável da FC produzida em nossos dias:

A prática da metafísica de raças, está relacionada com a pesquisa da história das raças antes de seu ciclo de desenvolvimento terrestre (pré-terrestre)… no futuro das raças depois de seu período terrestre (pós-terrestre), e finalmente com a pesquisa das forças extra-sensoriais, extra-terrestres e cósmicas que influenciam o desenvolvimento racial no presente.(10)

As contradições inerentes deste e de sistemas similares não serão discutidas aqui. Uma análise de tais itens assim como a rejeição simultânea do darwinismo e a aceitação da pseudo-darwinista “sobrevivência dos mais aptos”, ou os argumentos para um universo populado com seres inteligentes, os quais são contraditos pelo conceito de um universo racialmente etnocêntrico, meramente ilustraria em detalhe as bases irracionais destes sistemas insanos. Parece mais frutífero apontar a flagrante congruência de tais construções com os sintomas psicóticos e as tendências fascistas de “caráter autoritário”, tais como [1] o desejo sado-masoquista por submissão à uma força externa irresistível (diversamente interpretada como um “agente” da Providência, ou Natureza, ou Destino, etc), com o concomitante desejo de fazer as pessoas mais fracas pagarem, em compensação por isso; [2] a projeção de nossos próprios impulsos destrutivos e primitivos sobre minorias impopulares; [3] a rejeição da política racional, de fato, de todo e qualquer esclarecimento intelectual; [4] as lendas de “conspirações”.(11)

O grau em que fantasias conspiratórias foram projeções puras de suas próprias intenções secretas, é demonstrado pelo modo como elas foram primeiro nutridas em grupos de ciências ocultas de algum tipo de sociedade secreta. Estes grupos e seu obscurantismo foram de considerável significância no primitivo desenvolvimento do partido nazista, sua ideologia e sua posterior organização de células em “ordens”.(12)

Da confusa massa de conceitos obscuros que eram usados em FC, quatro tentativas vagas de sistematização podem ser extraídas: “Cosmogonia Glacial”, o mito da Atlântida/Thule, Teozoologia, e a teoria do Mundo Oco. Estas sistematizações podiam ser combinadas, e apoiavam-se uma na outra.

Cosmogonia Glacial ou a Doutrina do Gelo Universal (Welteislehre) e o mito da Atlântida tinham um relacionamento particularmente próximo. Atlântida (ou Thule) representava o Paraíso Terrestre e o lar original dos arianos teutônicos, enquanto o conceito de recorrência cíclica da Cosmogonia Glacial assegurava que a Atlântida se levantaria novamente. Deste modo, o mito da Atlântida e a Cosmogonia Glacial tornaram-se os temas dominantes da FC germânica nos anos 1920 e 1930. Ou o ressurgimento da Atlântida causaria a submersão dos países da Entente (13) (possivelmente de acordo com a teoria dos vasos comunicantes), ou restos da Atlântida, a qual tinha sido destruída por eventos cósmicos, eram descobertos no espaço, advertindo os astronautas germânicos a reconstruirem o legítimo império global ariano (isto é, alemão), retornar à pureza racial, à uma liderança mística e ao irracionalismo chamado “ciência ariana”:

As criaturas estavam muito mais próximas da terra nestes dias. Eles controlavam as misteriosas forças da natureza não em virtude do seu conhecimento, muito menos por sua ciência, mas em virtude de seu próprio ser. Quanto mais a humanidade aprendeu a pensar racionalmente, quanto mais perdeu seus poderes visionários. Eles se deliciaram com sua perspicácia e falharam em notar o aviso de seus poderes primevos.(14)

Naturalmente, as várias quedas da Lua sobre a Terra na Cosmogonia Glacial, sempre ocorriam em tempos de depravação racial e ética.

A crença na Atlântida e na Cosmogonia Glacial também inspiraram os cerca de 600 membros da “Sociedade para o Vôo Espacial”(15), que desejavam escapar da miséria alemã por meio de espaçonaves. Eles queriam descobrir “novos mundos, como conquistadores modernos”(16); eles planejavam aumentar a grandeza da Alemanha construindo uma estação espacial cujo “valor estratégico”, entre outras coisas, consistia, como Willy Ley escreveu, em “criar tornados e tempestades, destruindo exércitos em marcha e suas linhas de suprimentos, e queimando cidades inteiras“(17). Graças à ativa propaganda desta sociedade, a idéia da viagem espacial tornou-se tão popular que foguetes lunares tornaram-se um item regular em desfiles carnavalescos, e Fritz Lang foi estimulado a fazer o filme A Mulher na Lua (1928), para o qual ele recorreu à consultoria especializada da Sociedade.

Os líderes nazistas tinham uma fraqueza especial pelo mito da Atlântida. O professor racista e panfletário Herman Wirth interpretou um papel principal nesta conexão, advogando em seus concílios internos, “uma tremenda reviravolta da cultura, para longe da idade da razão e consciência, rumo à era de uma ‘certeza sonâmbula’, a era da mágica supra-racional“. Heinrich Himmler e Wirth fundaram o “Grupo de Estudo da História Espiritual”, Deutsches Ahnenerbe (Herança Germânica) – a qual propagava tal pseudo-ciência e a qual era, por exemplo, responsável pelos experimentos de congelamento profundo (com coito subseqüente, “um antigo remédio popular”!) nos campos de concentração, bem como pela coleção de esqueletos em Estrasburgo, abundantemente suprida por espécimes de “raça inferior” assassinados (18). Deste modo, eles acharam louváveis os esforços do Conselheiro de Edificação do Governo (Regierungsbaurat), Edmund Kiss, um dos mais bem sucedidos exploradores dos temas Cosmogonia Glacial/Atlântida. Além dos romances de aventura em geral, ele escreveu uma tetralogia (19) na qual apresentava uma versão mitologizada da queda do império germânico, sua reconstrução, e sua vindoura supremacia mundial sob a norma fascista.

No primeiro volume de Kiss, O Mar Vítreo, o apocalipse de João, o qual “encarna o conhecimento primitivo do cosmos e do nosso mundo” (20), é reinterpretado como uma descrição de uma catástrofe global, a qual resultou da queda da “lua terciária”. Antes deste evento, havia existido ordem no mundo: escravos tinham sido treinados com o “relho de mamute” (p.120). Agora, para os “louros de olhos azuis”, havia chegado a hora de “manterem suas cabeças erguidas sob as bordoadas do destino” (p.169), e assegurar “a existência continuada da raça humana” apossando-se das mulheres disponíveis – lema: “Faça com que confiem em você, depois agarre-as” (p.240).

No segundo volume, Primavera em Atlântida, os “Ases” (isto é, arianos) obtiveram sucesso. Eles se multiplicaram rapidamente em seu reino setentrional, até o ponto de construirem a “comunidade orgânica de um império mundial” (p.11), com seu centro e capital na Atlântida. “Peles marrons de olhos puxados” trabalham para os “louros de crânios estreitos“. Graças à uma efetiva “direção espiritual“, os Ases são reverenciados como “deuses brancos” (p.12, p.18). “As nações escravas visitam Atlântida, a fim de levarem a profunda e inarrancável impressão do esmagador e irresistível poder dos nórdicos, ao voltarem para seus lares distantes” (p.41). (Hitler tinha as mesmas idéias concernentes às medidas que ele empregaria para inculcar uma “consciência-mestra” nas “populações não-germânicas das zonas setentrionais ocupadas”: “Ele também pensava que a superstição era um fator que tinha de ser considerado no negócio de liderar homens, mesmo sendo alguém completamente superior à ela e rindo-se dela“; “o único propósito permitido de lições de geografia deveria ser o de ensinar que a capital do Império é chamada Berlim, e que todo mundo deveria visitar Berlim pelo menos uma vez na vida“; “uma vez por ano, seria dado à uma trupe de kirghizes, um passeio turístico através da capital, para que impressionassem sua imaginação com o poderio e o poder de seus monumentos de pedra“)(21). De volta à Kiss: o “Birô Racial de Asgard” (p.17), supervisiona a manutenção da pureza racial na raça mestra (22); todavia, os líderes têm de fazer as mesmas concessões que os nazistas descobriram serem inevitáveis:

O desejo de milhões [é] criar uma base racial granítica como alicerce do império, não um bloco de absoluta pureza racial – os pecados de nossos antepassados tornaram isso impossível – mas um bloco de precioso material racial com a riqueza da alma nórdica como sua importante herança. (p.278)

O herói também tinha o “olhar fixo do Führer”, que Hitler supostamente praticava na frente do espelho, e que é fortemente evocativo dos efeitos de uma tireóide hiperativa:

Mas no mesmo momento… a centelha dourada brilhou novamente, das profundezas dos persuasivos olhos cinzentos, a centelha que constituía o mistério da radiante essência infantil deste homem. Quando esta centelha morria, as feições aquilinas dispostas numa expressão de férrea e predatória determinação, e o gélido fulgor cinza-claro, obrigavam muitos inimigos, não usualmente dados à tais ações, a evitar seus olhos. (p.72)

O terceiro volume, A Última Rainha da Atlântida, mostra o império dos Ases no ápice do seu poder. Os “homens nórdicos” vivem em “castelos isolados e fazendas fortificadas nas marcas fronteiriças“. Os atlantes continuam a provê-los com mulheres “racialmente puras” ou puro-sangue (p.28) – como podemos ver, precisamente o modo de vida que os nazistas imaginavam para si mesmos nos territórios ocupados do Leste Europeu:

Por um momento, observamos os trabalhadores, aqueles Zipangus fortes, animalescos, cujos crânios são enfaixados em tenra idade para que se desenvolvam para trás, para que eles possam ser mantidos como o grupo projetado para o trabalho físico.(p.48)

Nós, os atlantes, sabemos por nossa história milenar, tão cheia de conquistas e derrotas, que somente uma casta de seres humanos superiores podem efetivamente governar o globo que é nossa bela Terra. Raças inferiores devem ser treinadas e moldadas para satisfazer as necessidades e os propósitos que promovem o crescimento do reino. (p.49, e igualmente p.258)

Falta de sorte! O “martelo do destino” (p.101), “atinge com poderoso golpe” (p.118), a aparição de uma nova Lua (a nossa) condena Atlântida, e os Ases são mais uma vez reduzidos a pessoas que devem “lutar por seu lugar ao sol” (p.192).

Em Os Cisnes Cantantes de Thule, os atlantes sobreviventes têm de abrir seu caminho (tendo com eles, naturalmente, a bandeira, branca e azul com uma suástica, da Atlântida) de volta à terra de origem. Em sua “luta pela vida, território e poder” (p.27), o princípio da liderança é restabelecido: “Situações desesperadas só podem ser salvas se um homem comanda e os outros obedecem” (p.65). Para que mesmo o mais obtuso dos leitores entendesse a referência, os Ases encontram a “Teutolândia” habitada por uma “população de camponeses nórdicos de… razoavelmente boa raça” (p.208). Com a ajuda genética dos nativos, os Ases criam – num mundo cheio de “ralé de pele escura”, “animais humanos” e “homens inúteis” (p.183) – “uma nova, dura e arrepiante nobreza” (p.188). Para conseguir isso, eles ocasionalmente atacam tribos vizinhas para, usando a terminologia de Hitler(23), “apurar a raça” (p.169). O romance culmina com a seguinte declaração:

Somente um homem que irá proteger tanto seus objetivos quanto sua liberdade com uma espada afiada no ataque e na defesa, pode manter o domínio sobre sua vida nessa terra. Ataque é sua melhor política. Não é nunca uma questão de ser nosso direito fazer assim. Isto é nosso em virtude da nossa existência. É uma questão de poder. (p.206)

As coisas que Kiss projetou no passado distante, as quais Hitler e Himmler queriam realizar no Leste Europeu, foram projetados no futuro próximo por Paul Alfred Mueller (pseudônimo “Lok Myler”) em sua série de panfletos Sun Koh, O Herdeiro da Atlântida, e Jan Mayen (24). Os heróis, tipos carismáticos de líder, foram escolhidos pelo destino – e também providos com recursos de uma sofisticada e extremamente poderosa tecnologia. É sua vocação criar novos territórios cultiváveis para o povo alemão e as raças brancas. Isto eles obtém retirando a Atlântida do oceano e fazendo a Groenlândia (Thule) cultivável. O modo pelo qual “Sun Koh” e “Jan Mayen” tratam o resto da humanidade na perseguição dos seus objetivos, diferencia-se dos métodos nazistas somente pelo fato de que os fictícios povos inferiores se submetem rapidamente. Mueller também foi um dos autores que propagaram a teoria do “Mundo Oco”. Esta importação teórica dos EUA experimentou o ápice de sua popularidade em 1941-42, quando o Ministério da Frota Alemã aparentemente realmente executou experiências de radar, que teria – se a teoria estivesse correta – permitido-lhes observar Scapa-Flow [a principal base da Marinha britânica – N. do T.] a partir de Reugen, no Mar Báltico. A teoria do Mundo Oco era tolerada pelos nazistas (25), mas tinha somente uns poucos seguidores nos escalões superiores do partido. Dessa forma, Mueller tinha de manobrar cuidadosamente quando tentava instituir a teoria do Mundo Oco na visão de mundo oficial dos nazistas. Em seu romance, o alto funcionário do partido nazista que tinha sido convertido à teoria, sofreu um acidente fatal quando ia fazer a comunicação ao Führer.

“Teozoologia”, propagada por Josef Lanz na série de panfletos de Ostara, A Biblioteca dos Louros e Direitos Masculinos (26), não era abertamente adotada nos escritos oficiais nazistas, e só raramente era explorada na FC (27). Todavia, esta teoria mostra as mais obscuras motivações do merniqueanismo racista, idéias que ainda estão espalhadas na FC de hoje em dia. Lanz não pode nem mesmo exigir o direito de ter sido o criador e inventor deste sistema de ilusão sexualmente neurótico. Um caso de compêndio para psicanálise, Lanz meramente reinterpretou a antropogênese teosófica de Blavatsky e Besant em termos sexuais. Na teosofia, a humanidade cai porque os homens copularam com animais femininos; no sistema de Lanz “todas as calamidades na história do mundo… têm sido causadas pelas mulheres liberadas” (28). De acordo com sua teoria, anunciada primeiramente em 1905 (29) (August Strindberg foi um dos primeiros convertidos):

A raça do puro-sangue e completo Homem Ariano, não foi somente o resultado de seleção natural. Em vez disso, como indicam os escritos esotéricos, ele foi o resultado de um cuidadoso e consciente processo de criação por tipos superiores e diferentes de seres, tais como os Theozoa, Elektrozoa, Anjos et sim., os quais viveram outrora nesta Terra (30).

Eles eram máquinas eletro-bióticas perfeitas, caracterizados por seu conhecimento e poder sobrenatural. Seu conhecimento englobava tudo a ser encontrado no universo e além, nos espaços metafísicos da quarta, quinta e enésimas dimensões. Eles percebiam tais objetos por meio do seu olho eletro-magnético-radiofótico em sua testa, o rudimento do qual é a glândula pineal humana. Eles tinham conhecimento de todas as coisas, e podiam ler o passado, presente e futuro a partir do éter. É por isto que eles executavam o papel de oráculos até bem dentro dos tempos históricos e continuam, ainda hoje, nos médiuns. Eles possuíam poderes sobrenaturais “divinos”, cujo centro está localizado no cérebro lombar. (Nota: veja os “cintos mágicos” que conferiam desmedido poder à deuses e demônios; a “capa de invisibilidade” de Siegfried e Alberich.) Seus corpos exsudavam raios de fogo e luz, os quais… materializavam-se em uma mão e se desmaterializavam na outra, quebrando átomos e reconstruindo-os, cancelando a gravidade. (31)

Todas as espécies daninhas e imprestáveis de plantas, animais, e humanos são naturalmente o trabalho dos “Daemonozoa” (isto é, anjos caídos). O pecado original do “Homo sapiens, ou, mais precisamente, o Homo Arioheroicus” (32) foi causado pelas mulheres destes arianos louros e celestiais, que – como agora – foram atraídas, “por causa da magnitude do membro” dos “antropossauros masculinos” (com seus “pés de mesa”!) e seus descendentes, “as raças de animais humanos (negros, mongóis, judeus etc)“. As mulheres copulavam com estas criaturas baixas de modo “mais sodomítico” (33). Especialmente os traços faciais dos “sanguinários bolche-judeus… nos fazem lembrar até hoje as horríveis faces dos monstros-dragões antediluvianos“; eles são os “descendentes diretos dos… hominídeos-dinossauros de duas pernas” e apropriadamente ainda pertencem ao “reino animal”; Rosa Luxemburgo, a líder assassinada da esquerda germânica e judia de origem, era uma “pequena, anã Bezah puro-sangue” – “como aquelas criadas 2000 anos atrás nos templos-zoos da Palestina” (34). “Bolchevismo, marxismo, sovietismo, comunismo, socialismo, democratismo… são desdobramentos… destas origens raciais primevas, vis e inferiores” (35). Para fazer a correção destas condições raciais e políticas, os arianos devem praticar a pureza racial e a procriação científicas:

Através do influenciamento consciente e orientado à objetivos das glândulas secretoras, seremos capazes, nos próximos dois séculos de reconstruir os átomos e células de todas as criaturas viventes e… finalmente criar uma nova raça humana, a qual desenvolverá como resultado o Aryoheróico. (36)

E quanto à técnica, “a tecnologia… [E] toda a sabedoria científica superior… deve permanecer como conhecimento secreto de uma elite governante heróico-ariana numericamente pequena, puro-sangue“. (37)

Uma criatura escrava recém-criada, com nervos rudes e mãos fortes, cujas potencialidades mentais tenham sido cuidadosamente limitadas… realizará para nós todos aqueles trabalhos para os quais nós não tivermos inventado máquinas… O proletariado e a sub-humanidade não podem ser melhorados ou salvos ou tornados felizes. Eles são trabalho do Demônio e devem ser simplesmente – claro, humanamente e sem dor, eliminados. Em seu lugar, teremos máquinas biológicas, cuja vantagem sobre máquinas mecânicas é que elas consertarão e reproduzirão à si mesmas… Este ‘robô’ será a chave para o futuro, dado que sua existência solucionará não somente o problema tecnológico, mas também o social e o rácio-econômico – e através disso todos os problemas políticos – que nos importunam. Igualdade total é besteira!… A questão social é uma questão racial e não econômica… Quem pode dizer onde a igualdade de direitos irá parar? Por que pará-la no aborígene australiano? Gorilas, chimpanzés e morcegos têm exatamente a mesma reivindicação por “direitos humanos” socialistas.(38)

Lanz descobriu-se em ilustre companhia com tais idéias. Oswald Spengler articulou o conceito fascista-tecnocrático de tecnologia, ciência e filosofia como instrumentos de dominação quase da mesma forma – os arianos tornar-se-iam novamente “os sábios sacerdotes da máquina” (39) e cultivar as ciências como uma religião de classe dominante:

O grupo da espécie-Führer permanece pequeno. Eles constituem o grupo das verdadeiras bestas de rapina, o grupo dos dotados, os quais dominarão o crescente rebanho dos outros, de um jeito ou de outro. (40)

Estas são… não somente dois tipos de tecnologia… mas também dois tipos de criaturas humanas… aqueles cuja natureza é para comandar, e aqueles que obedecem, sujeitos e objetos de qualquer processo político e econômico. O mais significante sintoma do iminente declínio e queda, está para ser encontrado no que eu gostaria de chamar de traição da tecnologia… Em vez de manter o conhecimento científico secreto, o conhecimento que representa a mais sagrada posse das pessoas “Brancas”, foi prepotentemente revelado para qualquer um, em universidades, em conversas, palestras, e publicações… As vantagens insubstituíveis que as pessoas brancas mantinham, têm sido desperdiçadas, dissipadas, traídas. (41)

Himmler e Hitler (42) queriam prevenir a iminente derrocada da civilização “Ocidental”, nos territórios conquistados da Europa do Leste ao menos, precisamente através destes métodos que eles imputavam aos judeu-bolchevistas: “tentar eliminar os transportadores nacionais de inteligência dentro de uns poucos anos, para fazer as pessoas… prontas para um destino de permanente escravidão e opressão” (43). As pessoas dos “Territórios Orientais” deviam, de acordo com as idéias de Hitler e Himmler, viver em comunidades aldeãs isoladas e desenvolver seus próprios “cultos mágicos”: “Seria melhor ensinar-lhes a entender apenas uma linguagem de sinais. O rádio deveria prover música ilimitada, o que é bom para estas comunidades. Eles não devem aprender a usar seus cérebros.” (44)

Hitler, o discípulo de Lanz, também considerava “Ciências puras e aplicadas… uma realização quase exclusivamente Ariana” (45). Somente “quando conhecimento readquire o caráter de conhecimento secreto, iniciático, e deixa de ser acessível à qualquer um, isto preencherá novamente a sua função normal, nomeadamente aquela de ser os meios e o poder para controlar tanto a natureza humana quanto a não-humana” (46). Com seu inegável instinto para o que era publicamente aceitável, Hitler discutiu suas teorias favoritas somente entre íntimos. Estas idéias provaram ser coletadas quase que exclusivamente de tratados de “ciência popular” tais como os de Boelsche e Lanz:

Eu tenho lido um trabalho sobre a origem das raças humanas. Eu costumava pensar muito sobre esse assunto na minha juventude, e eu devo dizer que se alguém olhar mais de perto para os mitos e lendas tradicionais… chega-se às mais peculiares conclusões. Em parte alguma há um desenvolvimento dentro das espécies que seja comparável em grau e tipo ao que o homem teve de experimentar, para cobrir a distância entre um estado de quase-símio e seu presente modo de ser… Mitos não podem ter sido construídos sem quaquer fundamento. Qualquer conceito deve ser precedido pelo fenômeno do qual é derivado. Não há nada que nos impeça, e deveras, eu acredito que deveríamos estar certos, em assumir que personagens e situações mitológicos são representações de uma realidade anterior. (47)

Um novo tipo de ser humano está começando a se manifestar, muito no sentido científico de uma nova mutação. As velhas espécies de homem até aqui existentes, agora entram necessariamente no estágio biológico de degeneração… Uma submergirá sob o homem e a outra se erguerá bem acima do homem atual… Sim, o homem deve ser transcendido… O novo homem vive entre nós. Ele existe!… Eu vou lhes contar um segredo. Eu vi o novo homem, destemido e impiedoso. E eu tive medo. (48)

Lanz poderia não só afirmar ser um dos “avôs do Fascismo e Nacional Socialismo”(49), ele é também um legítimo ancestral da moderna FC. Como declarou em 1930, “uma geração totalmente nova de autores está já agora vivendo de sua exploração das idéias-‘Ostara'” (50).

Uma ciência e tecnologia funcionando como uma religião de massa e a “transcendência do homem” são hoje mesmo os conceitos favoritos de precisamente todos aqueles burocratas (e seus aliados literários) que pensam em si mesmos como particularmente progressistas e não-preconceituosos. Da mesma forma que no fascismo, freqüentemente eles também propagam uma pseudo-filosofia de modo-de-vida-são, usualmente consistindo de um barbarismo social-darwinista como estilo de governo e princípio de organização social. Como Hitler disse: “Sim, nós somos bárbaros. Nós realmente escolhemos sê-los. É um título principesco. Somos nós que renovaremos o mundo, Este mundo está morrendo” (51). A epítome de todos os slogans contra-revolucionários, “Em nosso mais distante passado jaz nosso mais moderno futuro“, de Lanz (52), foi o lema sócio-político do fascismo. Na FC – germânica e americana – este conceito é ainda constantemente utilizado e reanimado (quanto ao bestseller de Erich Von Däniken, Memórias do Futuro, alguém poderia começar uma ação de direitos autorais contra ele). Sua conjunção tradicional com o racismo, têm, sem dúvida, se tornado menos prevalente, mas a combinação programática de “espada e feitiçaria” como estilo de poder e estrutura social, com “ficção científica”, representando o capitalismo sem freios e o industrialismo tecnocrático, ainda está conosco.

(Manfred Nagl é crítico literário, e autor de Science Fiction in Deutschland).


Notas:

  1. Der Orchideengarten, Vol. 1, No. 2, p.23.
  2. Veja de Bernd Ruland, Wernher von Braun: Mein Leben fuer die Raumfahrt, Offenburg 1969, p56ff. Valier é também o autor de Der Verstoss in den Weltenraum, München e Berlin, 1924 (a 5ª e 6ª ed. apareceram em 1928 e 1930 com o título Raketenfahrt.)
  3. 3 – Max Valier, Welt-Untergang (ed. ampliada de Untergang der Erde, München 1923, pp7-8).
  4. G.W. Surya (isto é, Demeter Georgievitz-Weitzer) e Max Valier, Okkulte Weltallstehre, München 1922, p294.
  5. Valier (§3), p.19, nota 1.
  6. Surya e Valier (§4), p352.
  7. Joerg Lanz-Liebenfels, “Der zoologische und talmudische Ursprung des Bolochewismus” em Ostara, No. 13/14 (2ª ed. 1930), p8ff (texto em negrito estava em itálico no original).
  8. Idem, “Rassenmystik, eine Einfuehrung in die ariochristuche Geheimlehre,” em Ostara, No. 78 (2ª ed. 1929), p14.
  9. Idem, “Theozoologie oder Naturgeschichte der Goetter, IV,” em Ostara, No. 15 (2ª ed. 1929), pl4.
  10. Idem, “Einfuehrung in die praktische Rassenmetaphysik,” em Ostara, No. 80, 1915, pl (texto em negrito estava em itálico no original).
  11. Veja também Erich Fromm, Fuga de Liberdade (Die Furcht vor der Freiheit, 2ª ed., Frankfurt 1968, pp203-234); Erik H. Erikson, Infância e Sociedade (Kindheit und Gesellschaft, 2ª ed., Stuttgart 1965, pp320-346); Theodor W. Adorno et al., A Personalidade Autoritária (Der autoritaere Charakter, Amsterdam 1968, 1:88-187).
  12. Veja também Joachim Besser, “Die Vorgeschichte des Nationalsozialismus im neuen lacht,” Die Pforte 2, 1950; Wilfried Daim, Der Mann, der Hitler die Ideen gab, München 1958; George L. Mosse, “The Mythical origins of National Socialism,” Journal of the History of Ideas 22 (1961), No. 1; Reginald Phelps, “Before Hitler Came: Thule Society and Germanen Orden,” Journal of Modern History 35 (1963), No. 3; Dietrich Bronder, Bevor Hitler kam, Hannover 1964; Allan Mitchell, Revolution in Bayern 1918/1919, München 1967, p91ff, Friedrich Heer, Der Glaube des Adolf Hitler. Anatomie einer Politischen religiositaet, München and Esslingen 1968; e Karl Dietrich Beacher, Die deutsche Diktatur, Koln e Berlin 1969, pp52-98.
  13. E.g.: F.O. Bilse. Gottes Muehien, Berlin 1924.
  14. Otto Willi Gail, Der Stein vom Mond, Breslau 1926, p269ff (publicado nos EUA como Stone from the Moon em Science Wonder Quarterly, Primavera de 1930). Veja também O.W. Gail, Der Schuss ins All, Brealau 1925, e Hans Hardts Mondfahrt, Stuttgart 1928; este livro juvenil (uma versão abreviada dos romances acima mencionados) foi traduzido para dinamarquês, finlandês, francês, holandês, norueguês e húngaro. A última edição alemã (21ª, 30º milheiro) foi em Stuttgart, 1949. Excertos deste romance apareceram em Die Rakete, o periódico da Sociedade para o Vôo Espacial. Der Schuss ins All foi serializado por numerosos jornais diários germânicos e publicado duas vezes nos EUA como The Shot into Infinity (em Science Wonder Quarterly, Outono de 1929, e Science Fiction Quarterly, 1941). Para a doutrina da Cosmogonia Glacial veja, por exemplo, Ph. Fauth ed., Hoerbigers Glazial-Kosmogonie, 2ª ed., Leipzig 1926 (1ª ed. 1913).
  15. Talvez o seu membro mais proeminente, Hermann Oberth, autor de Die Rakete zu den Planetenraumen, 1923 (3ª ed. Berhn e Munchen, 1929 com o título Wege zur Raumschiffahrt) continuou na mesma tradição após a Segunda Guerra Mundial. Ele propagou a crença em discos voadores, escreveu o Katechismus der Uraniden, Wiesbaden-Schierstein 1966, e ocasionalmente funcionou como figura de proa do NPD (partido neo-nazista).
  16. Hans Dominik, Das Erbe der Uraniden, Berlin 1928, pl37.
  17. Willy Ley, Die Fahrt ins Weltall, Leipzig 1926, p67.
  18. A citação é do relato feito por Hermann Rauschning de suas conversas com Hitler, Gespraeche mit Hitler, Zurich e New York 1940, p2l5. Sobre os nazistas e a Atlântida veja seu principal ideólogo, Alfred Rosenberg, Der Mythus des 20. Jahrhunderts, München 1936, pp24-28. Veja também, Michael H. Kater, Das “Ahnenerbe”, Diss. Heidelberg 1966 (para material sobre um encontro secreto sobre Cosmogonia Glacial de 12-19 de Julho, 1939, veja p.l02/394, notas 20-21); Reinhard Bollmus, Das Amt Rosenberg und seine Gegner, Stuttgart 1970, pp.l78/250; Helmut Heiber ed., Reichsfuehrer! – Briefe an und von Himmler, 2ª ed., München 1970 (sobre Atlântida, veja cartas 58 e 59; sobre Cosmogonia Glacial, veja cartas 26, 33a e 87). À respeito da crença de Hitler na Cosmogonia Glacial–ele desejava colocar uma estátua comemorativa ao seu autor, Hanns Hoerbiger, em Linz, junto das de Ptolomeu e Copérnico–veja Henry Picker, Hitler’s Tischgespraeche, ed. P.E. Schramm, 2ª ed., Stuttgart 1965, pl67 e 298. Os competidores teosóficos e antroposóficos em assuntos concernentes à Atlântida, que tinham originalmente inspirado os nazistas, foram proibidos durante o Terceiro Reich–por exemplo, Die Kosmische Vorgeschichte der Menschheit, de Rudolf Steiner, Dornach 1941. Hoje, Juergen Spanuth–Das entraetselte Atlantis, Stuttgart 1953, Und doch! Atlantis entraetselt, Stuttgart 1957; Atlantis, Heimat, Reich und Schicksal der Germanen, Tübingen 1965–e ex-empregados do Birô Rosenberg ainda estão propagandeando uma teoria de Atlântida germanófila, na Alemanha Oriental fascista, tais como Deutsche Nachrichten, etc. Veja Bollmus, op. cit., p259ff, nota 3, e p3l5ff, nota 158.
  19. Edmund Kiss, Das glaeserne Meer, Leipzig 1930 (4ª ed. 1941); Fruehling in Atlantis, Leipzig 1933 (2ª ed. 1939); Die letzte Koenigin von Atlantis, Leipzig 1931 (4ª ed. 1941); Die Singschwaene aus Thule, Leipzig 1939 (3ª ed. 1941). Numa primeira fase, Kiss recebeu um prêmio por seu trabalho.
  20. Kiss, Das glaeserne Meer, p.305. No texto subseqüente, números entre colchetes referem-se à páginas no último romance nomeado.
  21. In Picker (§18), pp462-469 e p.143. O “etnologista” Himmler sobre o mesmo assunto: “Devemos fazer ainda mais para inculcar uma atitude pacífica e não-militante dirigido às mentes das pessoas detrás de nossas linhas…. Devemos apoiar todas as religiões e seitas que encoragem o pacifismo. Para todos os povos turcos, o budismo é o mais adequado. Para outras nações, a carolice bíblica poderia ser de utilidade”–em Heiber (§18), carta 330.
  22. Hitler: “Uma verdadeira dominação do mundo só pode ser fundada sobre uma raça em particular”–Picker (§19), pl68.
  23. Ibidem, p.253.
  24. Lok Myler, Sun-Koh, der Erbe von Atlantis, série de 150 panfletos (1933-39); Jan Mayen, 120 panfletos (1935-39). A série Sun-Koh foi tão bem sucedida (ed. média 60.000; ed. grande 90.000), que Jan Mayen foi escrito como um tipo de eco. Ambas as séries apareceram em várias impressões. (Especialmente a série Sun-Koh continha passagens grosseiramente plagiadas de romances serializados pré-guerra, de Robert Kraft.) Ambas as séries reapareceram depois de 1945. Jan Mayen–agora o “Mestre da Energia Atômica” (ed. Utopia-Zukunftsromane, 1949/50)–durou somente por dez continuações, mas a série Sun-Koh obteve outras 110 continuações entre 1949 e 1953. Neste ponto, a editora, Planet Verlag, descontinuou a série porque uma lei contra “livros prejudiciais à juventude” era iminente. (Esta editora também produziu O Sexto e o Sétimo Livros de Moisés.) Entre 1958 e 1961, a série apareceu numa edição de biblioteca circulante em 37 volumes, publicada por Borgsmueller em Muenster. Sob seu pseudônimo do pós-guerra de “Fireder van Holk,” Mueller escreveu outras duas dúzias de romances de FC, publicadas por Biel Verlag e Weiss Verlag, ambas de Berlin. Ele conseguiu publicar um número de continuações reescritas de Sun-Koh na série de panfletos Utopia da Pabel-Verlag e co-escreveu a série Mark Powers der Held des Weltalls. [Nagl não diz, mas Sun-Koh explica a origem e o sucesso de Perry Rhodan entre os alemães. N. do T.]
  25. Veja Johannes Lang, Die Hohlweittheorie, 2ª ed., Frankfurt 1938, p281; também K. Neupert, Welt-Wendung! – Inversion of the Universe, Augsburg 1924, e Geokosmos – Weltbild der Zukunft, Zurich e Laipzig 1942.
  26. Welt, Mensch und Gott, de Lang, Frankfurt 1936, foi examinado como Arquivo P/100 pela Seção de Superintendência Consultiva para Publicações Astrológicas e Relacionados na Reichsschrifttumakammer, Berlin, e passou. Lang incluiu em seu trabalho os mitos da Atlântida, astrologia, cosmogonia glacial, teozoologia, teoria do mundo oco – elas estão todas lá, em acordo.
  27. Ostara, Buecherei der Blonden und Mannesrechtler, foi publicado de 1905 à 1930. Edições individuais algumas vezes tiveram três impressões. De acordo com Heer (§13), p70l, Lanz reivindicava um total de 500.000 cópias impressas. 28 – Por exemplo, Krieg im All, de St. Bialkowski, Leipzig 1935; implicitamente em Stone from the Moon de Gail (1915); transferida para outro planeta em Per Krag und sein Stern, de Dietrich Kaerrner, Berlin 1939.
  28. Ostara No. 33: “Die Gefahren des Frauenrechts und die Notwendigkeit der mannesrechtlichen Herrenmoral,” 1909, pl0.
  29. Lanz-Liebenfels, Theozoologie oder die Kunde von den Sodoms-Aeffligen und dem Goetterelektron, 1905.
  30. Idem, Bibliomystikon oder die Geheimbidel der Eingeweihten, Vol. II: Daemonozoikon, Pforzheim 1931, pl58.
  31. Ibid., Vol. III: Theozoikon, Pressbaum bei Wien 1931, p40.
  32. Ibid., Vol. I: Anthropozoikon, Pforzheim 1930, p90.
  33. “A mulher têm sido assim, responsável por uma seleção de 2000 anos em direção à grandes genitais”–Ostara No. 21: “Rasse und Weib und Vorliebe fuer den Mann der minderen Artung,” 1909, p9.
  34. Ostara No. 13/14, página-figura 1, e p13, nota 27.
  35. Ibid., p1.
  36. “Theozoologie IV: Der neue Bund und der neue CTott,” in Ostara No. 15 (2ª ed. 1929), pl2. Veja também “Theozoologie VII” em Ostara No. 19 (2ª ed. 1930).
  37. “Die Blonden als Traeger und Opfer der technischer Kultur,” em Ostara No. 75, p18; citado de acordo com Heer (§13), p7l5.
  38. Ostara No. 19, p5f.
  39. Oswald Spengler, Der Mensch und die Technik, München 1932, p70 (itálicos do texto original, em negrito aqui e em outras citações de Spengler, são de autoria do citado autor).
  40. Ibid., p27, p50, e pp84-86.
  41. Hitler nunca mencionou abertamente que ele havia lido as publicações Ostara durante seu período em Vienna, mas veja seu Mein Kampf, München 1942, p2l e pp59-63. Daim (§12) e Heer (§12) acharam uma quantidade de plágios grosseiros direto de Lanz.
  42. Hitler (§42), p358.
  43. Picker citando Hitler (§18), p190. Veja também, p271, e as memórias de Himmler à respeito da administração dos “Territórios Orientais” ocupados (em Vierteljahreshefte fuer Zeitgeschichte, Vol. 5, 1957, p197).
  44. Hitler (§42), p317.
  45. Hitler, como citado em Rauschning (§18), p40.
  46. Hitler, como citado em Picker (§18), p166.
  47. Rauschning (§18), pp230-233. A coleção de esqueletos em Strasbourg, para a qual “espécimes perfeitos”, selecionados dentre prisioneiros de campos de concentração e comissários soviéticos, foram assassinados, tinha, pode-se supôr, o propósito de provar as “origens zoológicas” de Lanz para a “raça judia-bolchevista”.
  48. Lanz, Bibliomystikon (§31), 2:145.
  49. Ostara No. 12/14, do apêndice, sem número de página.
  50. Hitler, citado em Rauschning (§18), p78.
  51. Lanz, Bibliomystikon (§32), 3:28.